Diagrama de Afinidades: sistematizando as informações das pesquisas de design
“Mais vale compreender pouco do que compreender mal.”
Anatole France
Após nos dedicarmos às nossas pesquisas de design, acumulamos um grande volume de informações que, por serem qualitativas, não podem receber nenhum tipo de tratamento estatístico e, portanto, não geram sínteses ou indicadores possíveis de serem matematicamente interpretados, ou mesmo respostas gerais sobre nossas questões.
Apesar disso, são valiosas e extremamente úteis, especialmente nos momentos iniciais do nosso esforço empreendedor, no qual buscamos compreender o problema em suas várias dimensões para desenvolver soluções inovadoras que, esperamos, sejam adotadas pelo mercado e difundidas pelos nossos clientes.
Por que utilizar uma ferramenta para organizar as informações?
Parte do nosso esforço, especialmente nas pesquisas etnográficas e entrevistas em profundidade, deveriam nos ajudar a criar as personas de marketing, a definir nossa proposição de valor e a iniciarmos o design da nossa solução. Mas o volume de informações e a desorganização das ideias podem confundir e atrapalhar nossa leitura, levando a decisões baseadas em falsas premissas ou interpretações equivocadas sobre as informações coletadas.
O que é o Diagrama de Afinidades?
Na década de 1960, o antropólogo Japonês, Jiro Kawakita, ao se deparar com um problema semelhante ao nosso, pensou em um modo de organizar as ideias de forma que fosse possível reduzir as variáveis, agrupando-as por afinidade e dando assim um sentido que o nosso cérebro fosse capaz de interpretar. Sua ideia simples, mas genial, gerou uma ferramenta conhecida como Diagrama de Afinidades, atualmente utilizada nos programas de qualidade das empresas e que emprestaremos aqui para nos auxiliar na interpretação das informações coletadas em nossas pesquisas de design.
A ideia geral é que em situações em que nos deparamos com grupos de dados dispersos ou grupos confusos de dados, com um tema grande ou complexo, o diagrama de afinidades se comporte como um “mapa geográfico” organizando esses dados em categorias de afinidade e possibilitando assim nosso entendimento e interpretação das informações coletadas.
10 passos para construir um Diagrama de Afinidades
É importante lembrar que se trata de um esforço coletivo e que a participação de mais pessoas, preferencialmente que tenham participado do esforço de pesquisa ou estejam envolvidos no desenvolvimento da solução, será importante para o sucesso da empreitada.
1. Gere os dados para construção do diagrama de afinidades;
2. Espalhe os dados resultantes sobre a mesa, de modo que todos possam vê-los;
3. Forme grupos de dados, contendo no máximo 5, com alguma característica comum;
4. Identifique cada grupo pela característica comum de agrupamento e registre-a no cartão título, que deverá ter alguma marca, para diferenciá-lo dos cartões de dados;
5. Prenda cada grupo ao seu cartão título, de modo que apenas que apenas este último esteja visível;
6. Repita os passos 3, 4, 5 usando os cartões título como cartões dados;
7. Repita os passos, 3, 4, 5 para cada novo conjunto de cartões título criados, até que você tenha apenas um grupo contendo no máximo 5 cartões títulos;
8. Comece a construção do diagrama pelos pequenos grupos iniciais e construa um retângulo envolvendo cada grupo;
9. Sobre o lado superior do retângulo coloque o cartão título do grupo;
10. Envolva, com um retângulo, os retângulos cujo título forma um grupo;
Como utilizar as informações resultantes no Diagrama de Afinidades?
Quando nos colocamos na posição de investigadores, em busca de um maior e mais amplo entendimento sobre nossos segmentos de clientes, queremos perceber seus hábitos, seus problemas, suas dores e seus ganhos e outras informações que sejam relevantes para o design da nossa solução e para as ações de marketing que desenvolveremos para atrair nossos segmentos de clientes.
Temos que estar cientes do nosso desafio de criar algo que possa resolver um problema considerado grave o suficiente para que alguém esteja disposto a pagar para resolvê-lo. Mais que isso, para que alguém pague para experimentar uma nova forma de resolver o problema. E nossa busca inicial se dá exatamente nesse sentido.
Quem serão nossos adotantes iniciais? Para quem estamos criando nossa solução?
Essa segmentação inicial, que aparentemente restringe o alcance da nossa solução, será nosso passaporte para o mercado principal. Não será possível partir de uma solução ampla que atenda um mercado de massa se estamos inovando. E essa segmentação é um dos grandes desafios do Século XXI.
Nesse sentido, o Diagrama de Afinidades vai nos permitir, entre outras coisas, a encontrar padrões comuns em nossas pesquisas e entrevistas, identificar os segmentos e compreender suas dores, seus ganhos, seus hábitos e costumes e, assim, formular nossa proposição de valor e dar início ao design da solução.
Caso você tenha alguma dúvida em relação à metodologia, ou quanto ao uso da ferramenta, não deixe de comentar esse post. Caso você precise de orientação, entre em contato que teremos prazer em te auxiliar.